segunda-feira, 27 de abril de 2009

A mãe de todos ......

(Passados 3 anos, decidi lembrar um pequeno artigo que escrevi num blogue de um amigo. Espero que gostem..)




....os concertos!

Lisboa, sábado 12 de Agosto de 2006. Calor insuportável.

Ainda com mazelas dos faduchos, italiano(a)s, “cobóis”, anãs com o peito de fora, manteiga que teimava em não sair das mãos e trinis da noite anterior, eu e o meu irmão arrancamos para o Porto. A viagem tarda cerca de 6 horas. Paramos em todas as bombas de gasolina para recarregar as baterias que parece que vão acabar a todo o momento.Penso para mim:

“Raio dos fados!

…”Das festas as vésperas!” - Já dizia a minha Mãe.

Assim nunca mais lá chegamos!

….

Perto das 17:30 chegamos ao dragão. Já se nota o zum-zum tipico de uma tarde de futebol. Só reparando na idumentária das pessoas que por ali param é que se conclui que hoje é um dia especial.

Contornamos o estádio, atrás de uns carros que parecem saber para onde vão (ou bão) na esperança de, como qualquer Elvense está habituado, estacionar o carro (ou quarro) mesmo ao lado do estádio. Passado algum tempo, reparamos num báldio para onde se dirigem alguns carros. Decidimos arriscar.

“5 Euros! E pode deixar o seu quarro aqui até às 3 da manhã carago. Aqui ninguém le roba o quarro! É à confiança!” - diz o “homenzinho”.

“Siga a marinha.” - pensei.

“Ficamos a 3 minutos a pé do estádio. Melhor que isto não pode haver!” - concluí.

Depois de estacionado. Dirigimo-nos, ou melhor, arrastamo-nos para o estádio. A ressaca nesta altura aperta e, tanto a mim como ao meu mano, parece que nos vamos desfalecer já ali, na praia, sem sequer chegar ao estádio.

As pilhas parecem carregar um bocadinho quando, um dos “stewarts” (ou lá como se escreve) que nos revista (ou rebista) à entrada do estádio nos diz:
“Agora é só curtir! Bom espectáculo!”

Entro e dirigimo-me imediatamente à loja de “Official Merchandise”. O meu mano segue-me de perto, cansado mas contente. Salta um “foda-se ca grande ké esta merda!” de vez em quando. No caminho reparamos na malta que ali está. Gente de todas as idades, dos 5 aos 50, alguns com mais. Uns com “t-shirts” que marcam a sua presença nos concertos em 1972, outros há com t-shirts de 1980, outros dos anos 90 (os passarinhos!).

O Rui esboça um sorriso e diz:

“Podes crêr puto! Os gajos já andam nisto à 40 anos…….”

Demoramos cerca de 30 minutos para escolher, mas por fim, cada um compra uma t-shirt (ou tishierte) para marcar este dia. É obrigatório!
Esta tem também um sabor e marca especial. É a primeira vez que vou com o meu irmão a um evento desta dimensão. Vale a pena a lembrança!

Damos por ali umas voltas e decidimos entrar no estádio. Já lá dentro vamos para a zona norte de onde se pode vêr grande parte da cidade do Porto. Que bonita vista. Pena que não haja paciência para essas coisas hoje. Decidimos que é melhor”encostar” um bocadinho antes que começe o concerto.

Deitámo-nos ali ao pé da porta 29. Num bloco de cimento que lá existe e que nos permite, sem ficar muito longe dos nossos lugares, descançar o corpo para quando chegar o momento estarmos, pelo menos, a 10%!
Enquanto estamos de “cabeça pró ar” vêmos um daqueles aviões publicitários, daqueles que se vêm muito nas praias do Algarve a anunciar festas em discotecas, que diz o seguinte:
“Mick, do you have the balls to come to **** tonight?! - Batata”

Tocam as sete da tarde. O tempo parece que anda devagar desde que chegámos ao Porto. Ainda faltam duas horas para começar!
Saimos do nosso poiso no cimento e vamos - tentar - comer qualquer coisa. Na fila para os cachorros somos chamados por umas meninas que queriam que fossemos para a “fila” delas. Perante tamanho elogio e simpatia quem somos nós para recusar?
Pedimos 2 cachorros e afastamo-nos das meninas com um sorriso.
“Estas raparigas do Norte!” - alguém suspira.

Começamos a comer aquilo que pensávamos ser um cachorro. Nesta altura lembro-me do Góis e da fortuna que ele faria num sitio como estes já que a competição, pura e simplesmente, mete nojo! Vão os dois “canitos” para o lixo ainda a meio.
“Não faz mal! Também não consigo comer nada!” - penso.
Contento-me com a coca-cola que está 5 estrelas.

Passado um bocado voltamos ao nosso poiso, onde aguardamos pacientemente que começe o espectáculo.

Já são as 20:00. Estamos nos nossos lugares à cerca de meia hora. Ao nosso lado, uma familia da zona, diverte-se revezando-se para ir buscar imperial. O mais novo ronda a casa dos 10 e o mais velho os 50. Assim são os concertos dos Stones!
O palco é simplesmente, espectacular. Faz um género de semi-circulo e por cima. Uma estrutura de 3 andares suporta o ecrã gigante, os fogos de artificio e - inveja - uns lugares especiais para pessoal que ganhou um concurso na RFM (dizem..). Uau!

Começa a tocar um grupo que ao principio não identifico. Têm um bom som concluo depois de breve discussão com o meu irmão. No final, tocam uma música que toda a gente conheçe e todos cantam. Afinal são os Dandy Warhols ( mind the typo!) e a música é aquela da Vodafone.

21:30. Os putos que foram abrir o concerto já sairam faz algum tempo. O pessoal no estádio, que entretando encheu, começa a impancientar-se. Começam os assobios. A familia ao nosso lado não pára de ir buscar cerveja. É a vez do gaIjo mais gordinho…

22 horas, as luzes apagam-se. O estádio fica completamente às escuras. Chegou a hora. O coração começa a palpitar e no estádio está tudo aos gritos e a aplaudir.O indicador de bateria, tanto meu como o do meu irmão, indica - carga máxima!
Ouve-se um estrondo. Tudo se ilumina de novo, os Stones entram em palco! Olho para o meu irmão e não lhe reconheço a espressão. Nunca o tinha visto assim, tal não é o entusiasmo.

Está na hora de “Jumping Jack Flash!”.

Durante quase uma hora o Mick toca, dança, pula, esbraceja, faz tudo o que um puto de 20 teria dificuldade em fazer. O público está ao rubro e o peso enorme que trouxemos da noite anterior parece que se esfumou. Transmite energia!
Tocam musicas de sempre, que todos conhecem. Brown Sugar, You cant allways get what you want,Its only rock and roll but i like it,Miss You,etc e uma do novo album Bigger Band. It wont take long se não estou em erro.
Está na hora do Keith Richards. O tal que, umas semanas antes, numa conferência de imprensa tinha dito o seguinte:
“Estou farto que venham bisbilhotar na minha vida privada! Isso que dizem agora de eu ter tido um acidente de carro é tudo mentira! O que me aconteceu foi que caí ao subir a um coqueiro! Mais nada!”
Este não se esquece de fumar um cigarrito em 3-4 passas antes de começar a cantar. O estádio aplaude sem parar.

23:00. O concerto vai a meio. Numa pequena pausa, discuto com o meu irmão a quantidade de músicas que faltam tocar. Que isto podia continuar até ás tantas.
Os stones voltam à carga. Ouvem-se explosões dos fogos de artifico, as luzes voltam-se a apagar e uns grandes focos iluminam os Stones que estão todos no centro do palco quando este começa….. a avançar. Incrivel, no final do movimento estão todos do outro lado do estádio. Como se o Vitor Baia fosse a correr de uma baliza à outra. Essa é a distância que o palco percorreu. Todo o estádio está de pé a dançar e aplaudir. Nunca tinha visto uma coisa assim. Nem quando o Benfica ganhava nos estádio da Luz. Tenho os braços - quais braços?! O corpo todo arrepiado!

23:38 Apagam-se as luzes e o grupo despede-se à pressa do público…… já ninguém cai nessa! Todos, novos e velhos, continuam de pé a aplaudir.

23:40. Volta-se a ouvir um estrondo, acedem-se as luzes e ouve-se a Fender do Keith Richards.Pronto! Aqui partem tudo! Estou de pé com as mãos a ferver e os braços cansados. O meu irmão idem. Não importa. Começam a tocar o Satisfaction!!!!
Dou por mim e grito canto. Faço tudo o que à umas horas atrás pensava impossível. Nunca vi, nem sei se vou voltar a vêr um ambiente destes.
“I can’t get no satisfaction,
I can’t get no satisfaction.
‘Cause I try and I try and I try and I try.
I can’t get no, I can’t get no.”

!!!!

24:00 Acaba o concerto, despedem-se os artistas perante uma plateia de gente que canta “Oéeee oéee oéee oéeee” - não fosse este o estádio do “drágon”. Fico triste. Quero mais! Prometo-me que nunca mais vou deixar passar um concerto destes. Quando cá voltarem - vão voltar! - estou lá de certeza!

As pessoas esperam 10 minutos a aplaudir de pé, a pedir que voltem. Desta vez caiu o pano. Acabou o concerto.

Saio do estádio com um problema:

Depois disto que mais me resta vêr?

:) I can’t get no satisfaction!

The Rolling Stones!!!!!

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